sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sem bolero nem chá-chá-chá!

É tudo mais ou menos assim  - início, meio e fim.
Incrível a sensação de descrever algo que perdurou por tantos anos, tantos dias, tantos beijos, tantas juras em apenas 3 palavras. Era algo que deveria, no mínimo, merecer um livro, daqueles que se perde o fôlego da primeira a última página. Mas se transformou em apenas em uma apagada e curiosa lembrança diante de determinadas músicas tocadas em um buteco qualquer do centro do Rio.

Tudo começou com uma promessa, dessas que fazemos aos nossos melhores amigos, prometi um ano inteiro da minha vida a alguém que eu mal conhecia. Acho que foi um ato um tanto quanto ousado, quando você mesmo nunca conseguiu se relacionar amigavelmente(sentimentalmente falando) com ninguém por mais de 5 meses, é realmente algo que dá um caráter todo especial a esse novo momento, nova idade, novo tudo.

Incontáveis foram as vezes em que repetimos o mesmo ritual, as vezes em que da mesma forma eu senti as mesmas coisas. Seguiamos sempre o mesmo protocolo: espera, tato, escuro, frio, quente, espelhos, cansaço e adeus.
O brinde que eu levava disso tudo era apenas um iogurte ou suco de laranja que acabava por estragar na geladeira de casa por esquecimento da minha parte. O meu esquecimento não era desdém, era falta de tempo, paciência e até mesmo dedicação.

O tempo se passou como alguém correndo na orla de Botafogo, quando percebi eu já não era mais a moça tão jovem, tão cheia de sonhos e vontades. Eu era apenas alguém. Alguém que gostava de viver, mas não sabia como. Alguém que imaginava saber amar, mas não tinha ideia da imensidão e da dedicação que isso requer.

Fui dos 18 aos 23 anos em poucas piscadas de olho. Se levar um namoro, noivado, casamento por tanto tempo parece longo e difícil de lidar. Esse vínculo semanal, as vezes até mensal, me pareceu muito rápido.

Confesso que minha intenção nunca foi a de guardar para mim algo que era de outra pessoa, mas devo admitir que sonhava com isso. Me parece ser impossível confiar em alguém que consegue lidar com sentimentos fortes por mais de uma única mulher. Mas o sonho continuava, persistia e apesar de todo protocolo, rotina e até mesmo marasmo, eu tentei.

Belo dia acordei, cabelos cacheados, longos, aniversário de 18 anos. No outro eu era alguém 5 anos mais velho, já não me sentia mais como alguém especial. Aquele protocolo semanal, seguido durante 5 anos, já me parecia aqueles cursos de inglês que demoram a vida inteira para serem concluídos e eu finalmente resolvi dar fim a algo que começou numa brincadeira, virou verdade e quase algo para a vida toda.

E algo que durante toda sua vida útil, nunca gerou rusgas, no último dia de vida resolveu gerar. O nosso adeus não foi regado a algum bolero cafona ou lágrimas de saudade antecipada.
Nossa despedida foi como nosso protocolo: espera, tato, escuro, frio, quente, espelhos, cansaço e adeus.

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